quinta-feira, 15 de maio de 2014

Redoma

O recanto das palavras me urge e, em sinais de encontro, revejo. Que se passa em memória?
Que os cantos se recubram do doce pesar da saudade, da falta, sempre que falte o esmeril som das facas. Depósitos que se fizeram abarrotados de tanto, e tudo, transbordem na madrugada fria do Outono; quando me doerem os ossos, rompendo as estruturas do que sou. Por onde andam as bonitas palavras, a beleza pronunciada em mente, meu querer em deleite? Há tão pouco a transcrever, há tanto a aglutinar-se. destraduzido.
São, ainda, presença informe, inconceituada. Das coisas que dantes resignava ao falar, resta o há, o não ser mais, que
é.
Ando pós-moderna demais pra pensar! Retomo as conjunturas febris do sentir. Não se concebe racionalizações daquilo que parte de ti e volta sem nome, sem cor, sem som. Emudeço sem saber se é míngua, se é vago ou se é ser.
Ao caminho, e à voz.
Ser em si, viver dentro.
Deformar-se em sentimento
sentir
ser
caber em sí.

Em sol maior.

domingo, 11 de maio de 2014

Acender

Metódicos desejos que encerro. Em cerros dedos, um livro acomodado ao útero. É tempo de parir com força os acontecimentos e dá-los forma, enquadrando cronologia e fazendo-se sentido.
O alcance dos olhos vão a janela, em perspectiva, a vista lilás acontece em gramas de massa que não se enxerga, o infinito é invisível nas cortinas. Embalos cósmicos de vento agradecem o leve dançar, da sinfonia do outono. Vagueio por cá, e procuro meus significantes perdidos.
Algo que seja parente, que voe.

Venho tentando cortar as raízes”
Sem raízes, morre-se de sede.”

Ferino clichê, desagradável até. Sabe o que me falta? Calor. Falta fogo, falta coragem. Inspiro, trago a mim toda fluidez que pertence ao ar. Trago aos meus pulmões, as veias, e tomo a mim o ar que não se sustenta ao ar. Sugo-lhe o necessário para as horas que seguem.
Há tanto em mim. Tornei-me labirinto, esquiva, afogada. Emaranhos desgarrados e agarros que sufoquei em memórias; posteriormente, nada saberei do sótão. Sinto tornar-me, ser ,em mudas, devaneios. Sinto tocar tuas manias, tecê-las e vestir. Recortarei, eu prometo.
Se restar um desejo, remeta.



Você realiza a humilhação, o medo. Em sonho, a experiência da situação é real. E isto te liberta.” 

sábado, 12 de abril de 2014

Jacarépagua blues

"Mais um capítulo
Da novela
comovida
dolorida
que eu pedi  pra ver."

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Grafia

Adoce, meu amor. 

Comece pelo doce, depois pelo adoecimento. Sem calma, sem tarde,  vença este marasmo que se apodera de ti lá pelas 5 da tarde. Quando o sol é chama, e chama, alaranjado, o fim de tarde.
É tarde, eu sei. Celebra a face, brindarei os olhos que resplandecem e recolhem as alegorias de tempos antanhos. Entrego a pausa pra sentir o ponto sonoro do seu sorriso. Lembro da luz roxa que transpassara a cortina e contornava-lhe a íris, imortalizando a imagem que ali jazia viva. Chorei em ardor por lembrar que aquilo já havia sido. Que perdi os segundos que se passaram.
Grafo, Grifo, arquivo-lhe. 

Impressionando minhas vestes, meus cheiros, meus quero; e você a olhar pela janela indiscreta do outro lado da avenida. Desculpe rapaz, mas você já foi meu um dia.


Sigo, atravesso a rua de maneira atrevida e ao som das buzinas questiono um pouco de simpatia ou gentileza. E neste sol tão quente não vou esperar pelo automóvel.
Que voe! Pois, eu voo. 

quinta-feira, 27 de março de 2014

Vértice


A vida crescia incandescente nas artérias. Um vértice floresceu como doença na memória de uma verdade in verdade. Sol quente, alma vaga, anagramas convexos. Não sei o caminho certo. Cala, ama, mas não diga que não há mais luz que afague os olhos com cor. Não diga. Com um mísero acorde lançado pelos meus olhos, eu soube. Eu saberia. Eu quis. Eu, Eu, Eu que não sou ela. Que fui ele, e que como ele, fez silêncio.
Sil. ên. cio
que grita notícias de um jornal. Eu que não quis, vi-me querer. Não quis, não! Eu, que não. Ela pega a arma. Ela que era ele. Eu que era ela. Ela, eu, ele e ela. Paridos de uma única idéia. Partidos, trincados por ela. Eu e ele, que era eu, que era ela. Recuso ser vértice de idéia.

domingo, 26 de janeiro de 2014

D is ap p ea r


Retomo as xícaras, disponho os lugares. Organizo as cadeiras, assento.
Visto, retiro, banho. Descrevo-lhe aos olhos, repuxo a memória.
Já faz tanto tempo! Semanas.
Algumas horas na praça. Em um banco. O tempo. O tempo. Sem sono.
Já faz tanto tempo! Sempre tenho.
Impressão.
Amasso o papel, queimo cartas.
Não! As antigas prescindentes de meus tempos no útero. Antes de você.
Respiro. Vazio. Subsequência. O que estás a fazer?
Pauso. Corte. Espelho.
Encaro. Aconselho. “Não pense!” “Não importa.” Não muda.
Eu mudo. Emudece.
Respiro. Anseio. Barulho?
Canso.
Canso.
Choro.
Anseio por teus cabelos. Em um delírio. Morro. Mordo. Dói.

Incomodo-lhe? Odeia-me? Vejo que sim.
Frustração.
V a z i o. Cheio.
E a constante sensação de ser inconveniente.
Fim?