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09/12/2015
quantas
vezes cruzei a sala, a porta, desci as escadas - pé ante pé - - -
e teus olhos ali. as mãos despretenciosas. som de portão. as vírgulas bêbadas, e o ronco do carro à porta. quais foram os gritos, os escarros, fluídos meus e seus? eu olhava o céu da madrugada, céu laranja, céu de véspera. daí o convite "olha também" e você diz pra não dizer.
e teus olhos ali. as mãos despretenciosas. som de portão. as vírgulas bêbadas, e o ronco do carro à porta. quais foram os gritos, os escarros, fluídos meus e seus? eu olhava o céu da madrugada, céu laranja, céu de véspera. daí o convite "olha também" e você diz pra não dizer.
uma alegoria tão morta quanto o nós.
pé
ante pé
eu
descia as escadas, miava
gemia
pouco e devagar
o lixo da porta fedia,
esgueirávamos, felinos, entre as tralhas,
o tanque, as bicicletas, as sacolas
esgueirávamos, felinos, entre as tralhas,
o tanque, as bicicletas, as sacolas
eu calçava as botinhas quando chegava no ultimo degrau da escada
chegava
antes do sol, as vezes da ultima lua
"todo
sol é atroz, toda lua é amarga"
a
madrugada é pra quem é só
" é um céu de baunilha, meu bem"