O
ínicio é o algoz da escrita. Não se sabe ecoar o sentimento que
leva a caracterizar-se, tentado em pecado é que espera o começo dos
passos do falar. Procuro em aformismo, via de regra, trazer-te em
mim. Ao passo que anseio libertar o coração que nomeio, que prezo.
Rogo a transparência da escrita que te veja, que te entregue, e que
o faça por mim. São bonitas palavras, para a necessidade que fez-se
carne e flama na alta madrugada do inverno ao verão. Recordo dos
teus sons abafados em meu pescoço, e do visgo quente.
Destino
cruel que faz som na casa vizinha, evocando canções sujas de
história. Assim dói mais, ele pensa. No insano momento em que a dor
se faz matéria, meu desejo – único- vê na distância a utopia
apática do distanciar. Quem me dera ser quimera, montruosa e enorme,
mas esse é o papel de minha vontade. A Legião de urbos, som
destoante da rádio. Essas ondas que se propagam ao instante mais
profundo do querer que tento, pelas palavras, encerrar. Pensam
traduzir, pensam tocar. Mas a bem verdade, é que estrangulam todas
as orlas da ilha que construí. Tão veemente, o som se esvai. Resta
o silêncio ruidoso, cujo estilhaço se afinca nas garras memoriais.
Dói mais assim, ele pensa. E o verbo se fez carne, em piores
proporções trouxe o desejo em fincar marcas, e curvas difíceis
demais de se atravessar. Fecho a janela, e uma ultima prece sai.
“Que
voe, tempo. Que faça casca na pele. Que traga asas.
Assim,
se espera.
Amém.”
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