sábado, 19 de julho de 2014

Re. tor. no

O ínicio é o algoz da escrita. Não se sabe ecoar o sentimento que leva a caracterizar-se, tentado em pecado é que espera o começo dos passos do falar. Procuro em aformismo, via de regra, trazer-te em mim. Ao passo que anseio libertar o coração que nomeio, que prezo. Rogo a transparência da escrita que te veja, que te entregue, e que o faça por mim. São bonitas palavras, para a necessidade que fez-se carne e flama na alta madrugada do inverno ao verão. Recordo dos teus sons abafados em meu pescoço, e do visgo quente.
Destino cruel que faz som na casa vizinha, evocando canções sujas de história. Assim dói mais, ele pensa. No insano momento em que a dor se faz matéria, meu desejo – único- vê na distância a utopia apática do distanciar. Quem me dera ser quimera, montruosa e enorme, mas esse é o papel de minha vontade. A Legião de urbos, som destoante da rádio. Essas ondas que se propagam ao instante mais profundo do querer que tento, pelas palavras, encerrar. Pensam traduzir, pensam tocar. Mas a bem verdade, é que estrangulam todas as orlas da ilha que construí. Tão veemente, o som se esvai. Resta o silêncio ruidoso, cujo estilhaço se afinca nas garras memoriais. Dói mais assim, ele pensa. E o verbo se fez carne, em piores proporções trouxe o desejo em fincar marcas, e curvas difíceis demais de se atravessar. Fecho a janela, e uma ultima prece sai.

Que voe, tempo. Que faça casca na pele. Que traga asas.
Assim, se espera.

Amém.”

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