sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Clarita





Anote o termo da vida,  Clarita. Eu dizia.

A menina entragada, que corria na hora da tarde, subia o olhar adocicado de chá das três e escorregava o risinho coberto de vermelho. Erguia, então, os bracinhos me abraçando para esconder o rosto corado. Enervava-me a falta de compostura com que deixava-nos, era tão pequena e tão singela que medíamos a contragosto inconsciente as palavras perto dela. Não sabia disso até perceber-me eufemizando torridez para não contaminar a doce fragilidade de Clarita.

Clarita, meio pequenina com bracinhos enlaços trazia sempre consigo alguns livros de encanto, parava com ar de determinada e mostrava sem pudor o mundo de seu encantamento; falava do ritmo do dia, das coisas, da modernidade dos modos, sempre embasada em pensadores e pensamentos móveis e des-modelados.
Foi então que Clarita cresceu e virou moça de encanto, uma daquelas atrizes em preto e branco, ou um desenho colorido da parede. 

Clarita colorida, Clarita em preto e branco.

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