Intrépido andar.
Por horas a fio
pensando em perspectivas de natureza póstuma, meio inválida, admito que na
fogueira de aço onde queimam minhas memórias, eu nunca o compreendi tão bem,
Carlos.
Quando nasci, um
anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
Esse anjo torto,
que lhe fez as honras, parece bater-me á porta vez ou outra. Não sei bem qual o
intuito, mas, a gentileza dos tratos é a mesma. “Vá (...) ser gauche na vida”. Anjo torto, eu torta. Nasci errada, Carlos...
Telespecto
visualmente meus aparelhos na expectativa de observação crua, com olhos-lente
sempre ligados em
voltagens. Alta , sempre alta. Sempre observando do alto, como
uma coruja velando a noite, vejo tudo, só vendo.
Gostaria de
explicar-me á outrem. Meu raciocínio sempre pauta em subjetivismo e por isso
acham que sou tola. Ora, tola... Eu não sou boba.
Acaso carecem de entender que
sou lógica. Eles é que não sabem o que é lógica, não tenho culpa de legarem o
paradigma iluminista como lógica e desconsiderarem a minha, que, obviamente,
destoa dela. Eu carrego a chama do erro intrínseco, sendo assim, peço que parem
com estes olhares cautelosos de anunciação, figurantes centelhas de loucura.
Sinto-me atraída
por ela, esta loucura que permite a voga da verdade, sem invariáveis ou
excentricidades, o padrão normativo em que me encaixaria. Mas, recuso as
maneiras postuladas do ambiente clínico e torno me explicar. Raciocínio.
Por que quando falo
das coisas de dentro, tomam-me louca? Compreendeis que o faço. Implicitamente
eu sou o que sou. Morando em minhas torres mnêmicas, sempre vejo as
vicissitudes perplexas, indignadas, infladas das redomas de vossos narizes. Por
que me tomas?
Eu sinto, e,
portanto, penso.
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