sábado, 27 de abril de 2013

II. Lento




Sôfrega, arrastei pelas ruas sem aurora desta cidade interna, mantive a querela da quimera de estar só.
Esmigalhei-me para encontrar caminho, cada pedaço, um espaço do que fui. Enlouqueci por fósforos acesos, a chama, dança fecunda pelos passos avessos de quem foi o que não era.
Perdi o revesso do avesso.
Foi longe, voo tarde, voz triste que na madrugada imune lamentou a lamúria de ser, e apenas ser. Eu vi asas! Por detrás da tua fluidez, tecido.
Por hora, abro atravessada a dor de minha chaga, feminina, urge de minhas pernas, dormentes, latentes e inconscientes.
Instinto.
Fiz-me serpente para tê-lo Adão, e é como este cão que deverdes estar.  - Eu queria -
Passam eras, e os ponteiros mudos flutuam sobre os craquelados algébricos dispostos em ângulos retos. 
90º graus, grito.
Como pôde? Dividir o mundo em tempo?!
Louca, é o que dirão.
Mas esta é minha lógica, meu realismo sempre foi surrealista.

E por fim, as carícias sangrentas de um tigre.

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