Sou Bento.
Uma anomalia machadiana que usurpou a
lógica do tempo e corporificou-se em um cerne feminino. Sou Casmurro, uma fêmea
Casmurro.
Padeço da patologia que se atirou sobre
o pescoço de Bento no início do século passado, destronando a sanidade e
consumando amor ao câncer, extenso e melancólico, que alastrara sobre o seu
universo Capitu.
Capitu.
Guiada por instintos vis, de fogo e
falo, atento para Capitu fora do corpo.
Percebam que este nome, símbolo de loucura,
traz certa androginia. Não se deixe enganar pelos olhos de ressaca, não é só mulher.
Transcende.
Capitu é sentimento, é perdição, diz
respeito á inominabilidade. Capitu é patologia, é obsessão, amor ao verme que
ainda jaz a comer tuas carnes vivas e quentes.
Não é corpo, não é mulher.
Capitu é tudo o que desatina no peito,
que tira os trilhos, os arreios.
Faz do falo, faca. Crava-lhe o corpo,
estilhaça e estripa.
O receptáculo vira planta carnívora,
cova abissal, areia movediça. Engolidora de almas e fluídos.
É Deusa, é demônio.
É tempestade no peito e fogo no olhar.
É vontade de engolir, rasgar-se ao pó.
Meu Capitu é meu ciúme. É olhar nos
olhos de outrem e enfiar, pelos buracos mais imundos, a minha obsessão; tornando-o
meu contra sua vontade.
Sou Bento á estuprar Capitu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário