sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Feminista, eu?




Conceber o gênero como categoria de analise para a produção das diferenças pautadas no dualismo biológico, e percebê-lo como antes de tudo, fruto das relações de poder entre homens e mulheres, é de grande importância para se iniciar a discussão de um tema como este.
Durante muito tempo - o que infelizmente se estende aos dias atuais - o discurso feminista e, por conseguinte, as próprias feministas foram/são alvos de chacota por parte de uma sociedade cujo patriarcalismo encontra-se tão profundamente arraigado, que fica dificil saber quando se está sendo machista, já que aquilo acabou por se tornar algo tão natural.
Expressões lançadas corriqueiramente em conversas amenas são prova disto. Quantas e quantas vezes não tivemos que engolir secamente: “Ah, é porque ela é mulher..” “Mulheres, o sexo frágil!” “Tinha que ser loira, né?”
Certamente, as pessoas que fizeram uso dessas expressões não pensaram em denegrir a imagem feminina, estavam apenas tagarelando com aqueles que lhes são queridos. O que me preocupa é; como essas expressões foram parar ali? Qual sua intencionalidade?
Se as pessoas prestassem atenção no que elas falam, isso mudaria?
Observa-se, com efeito, a resistência por parte das mulheres em se assumirem como feministas. Mesmo que partilhem ou simpatizem com os preceitos ideológicos do feminismo, ser feminista está fora de questão. “Feminista, eu? Jamais.”
A imagem do feminismo se personifica na figura da mulher solteirona, cujo corpo tomou as formas masculinas abrindo mão de toda sua feminilidade, em prol de um "ativismo utópico". Entretanto, o que não se dissipou acerca do feminismo, é que trata-se não apenas de um movimento, mas de vários, pois como salientou Margareth Rago “Não mais se fala em feminismo, mas em feminismos. Cada cultura manifesta seu próprio feminismo”.
Assim, passamos a perceber o feminismo não como um fênomeno unitário ou global. É bem verdade que o objetivo, ou alguns de nossos preceitos sejam os mesmos, mas essa manifestação se adapta a cada grupo, pois somos plurais, deixamos de ser MULHER para nos tornarmos MULHERES.
Ser feminista não significa que teremos de abrir mão das vaidades, que não poderemos nos relacionar com o universo masculino, ou que a partir de então, não nos será permitido o desejo á passividade sexual. Isso não é feminismo, isto é femismo. É ser espelhadamente machista. É estabelecer códigos de conduta e papéis sociais, mais uma vez, pautados em hierarquias de gênero.
O feminismo que partilho é aquele que privilegia não só as mulheres, mas as pessoas, que entende suas identidades polimorfas, e respeita suas manifestações.
Pois o feminismo só te dá o direito de ser a mulher que você queira ser. De se reinventar, de (re) significar, aquilo que se estabeleceu como MULHER.

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