domingo, 5 de maio de 2013

Séverin




"Pecados aveludados das fantasias da lua [...]"


A encantadora figuração do diabo dança, com as donzelas da madrugada, em meio à floresta densa. Seus corpos coloridos delineam a luz branca da lua alta, o som dos tambores rebolam as cabeças, e logo, vêm-se os cabelos ouriçados, volumosos, as ventanias, folhagens do banquete. Os tecidos finos e alvos flutuam movimentando as musas aladas, noivas e concubinas do submundo. Peles suaves, rígidas e primaveris, abrem seus quadris para receber as dádivas da noite. Os seios arredondados escapam dos tecidos, e mostram-se como abóbadas catedráticas, direcionando os olhares, dando vazão ao lúdico.

Desabrocham as rosas internas com o toque das línguas, e se perdem na freneticidade dos sons ingeridos. O ritmo diminui, mas a dança do deleite dos corpos aprimora-se, os movimentos coesos dignificam as sensações imperantes. Elas escorregam umas sobre as outras, com cristais e chamas, são ninfas do Hades.

No centro, sentado em privilégios, está ele. Olhos cruéis, vitrais enigmáticos, irônicos. A boca abre vez ou outra, quando uma (ou várias) delas lambe-lhe o falo. O falo é o centro, comem umas as outras, engolem. Rastejam, rasgam-se para tocar-lhe.
Beijam, reunidas aos montes, enroscando-se em contorcionismos e esculturas vivas. O sangue sobe quente, mas não conseguem parar o êxtase, por isso os gemidos são enlouquecedores. São como árvores retorcidas, embalsamadas pelo toque dele. Retorcem noite adentro.

As gargalhadas e olhos flamejantes não cessam, ficam ali por horas, incendiantes como o inferno. A loucura é a mãe delas, a besta horrenda que as trouxe ao mundo. Mulheres infecundas, imundas, cuja beleza é perniciosa, perdida.
 São maçãs, serpentes do Éden, flagelo dos homens, e o deleite do diabo.


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