"Pecados aveludados das fantasias da lua [...]"
A encantadora
figuração do diabo dança, com as donzelas da madrugada, em meio à floresta
densa. Seus corpos coloridos delineam a luz branca da lua alta, o som dos
tambores rebolam as cabeças, e logo, vêm-se os cabelos ouriçados, volumosos, as
ventanias, folhagens do banquete. Os tecidos finos e alvos flutuam
movimentando as musas aladas, noivas e concubinas do submundo. Peles suaves,
rígidas e primaveris, abrem seus quadris para receber as dádivas da noite. Os
seios arredondados escapam dos tecidos, e mostram-se como abóbadas
catedráticas, direcionando os olhares, dando vazão ao lúdico.
Desabrocham as
rosas internas com o toque das línguas, e se perdem na freneticidade dos sons
ingeridos. O ritmo diminui, mas a dança do deleite dos corpos aprimora-se, os
movimentos coesos dignificam as sensações imperantes. Elas escorregam umas
sobre as outras, com cristais e chamas, são ninfas do Hades.
No centro,
sentado em privilégios, está ele. Olhos cruéis, vitrais enigmáticos, irônicos.
A boca abre vez ou outra, quando uma (ou várias) delas lambe-lhe o falo. O falo
é o centro, comem umas as outras, engolem. Rastejam, rasgam-se para
tocar-lhe.
Beijam,
reunidas aos montes, enroscando-se em contorcionismos e esculturas vivas. O
sangue sobe quente, mas não conseguem parar o êxtase, por isso os gemidos são
enlouquecedores. São como árvores retorcidas, embalsamadas pelo toque dele.
Retorcem noite adentro.
As gargalhadas e
olhos flamejantes não cessam, ficam ali por horas, incendiantes como o inferno.
A loucura é a mãe delas, a besta horrenda que as trouxe ao mundo. Mulheres
infecundas, imundas, cuja beleza é perniciosa, perdida.
São maçãs,
serpentes do Éden, flagelo dos homens, e o deleite do diabo.
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