Com o linho
dourado da minha fossa andarei pelas ruas que disseste tua.
Se não sabe, meu
sangue é ar.
Minha dor é dormência,
meu amor é vastidão.
Por acaso
brincaste com minha mágoa? Fizeste livre a minha incongruência?
Olhas tu, repare
bem.
Meus olhos são
teus. É a tua língua que sente o meu amargo.
É no teu âmago
que minha dor grita.
Vê?! Abra os
olhos. Pisque. Encare tua esquerda.
*
Com o linho
dourado da minha fossa andarei pelas ruas que disseste tua.
Não recusarei a
calma, não mais. Rasgarei, com as unhas de minha urgência, os tecidos mnêmicos
do que fomos. Este pano de fundo irrisório ainda inflama meus alvéolos de tanto
respirar a poeira do sótão, revirando as gavetas passadas. Revivendo o que não foi,
sendo o que não fui. Como ousas jogar cartas embaralhadas na face de minhas cores?
*
Com o linho
dourado da minha fossa andarei pelas ruas que disseste tua.
Lamúrias acometidas
e mágoas comportadas, as linhas na testa são chagas da indiferença.
Não me venha com
pecados pagos, meu sangue sempre corre no quinto dia útil.
Sem linho, sem
rua, sem tua.
Nenhum comentário:
Postar um comentário