Meu
Deus, como os olhos de Maysa podem ser sérios e como a boca de Maysa pode ser
amarga! [...]
Maysa
não é um corpo
Maysa são dois olhos e uma boca
M. Bandeira
Maysa são dois olhos e uma boca
M. Bandeira
Caiu-se um
mundo.
Falava demais.
Fumava demais.
Vivia demais.
Era sempre mais,
nunca menos.
Maysa, cujos olhos amarguraram vidas, levantavam
as almas, acolhiam palmas e rogavam pragas.
A imperatividade daqueles olhos era
incontestável, a amargura, amarga e cortante escolhia-lhe pela boca como veneno.
Não interessava
o corpo, não era corpo. Não pertencia.
Naquela
banheira, o calor batia-lhe as portas do estômago. Desesperador e sufocante, as
lembranças de uma vida explodiram-lhe o olhar. Dor. Era disso que aqueles
vermes se alimentavam.
Da dor, sua dor. A velha
companheira dos drinks convidativos da madrugada.
Vira os olhos
verdes brilharem na superfície da lâmina, e sentira o veloz gosto do corte.
Um grito rasgara-lhe a garganta, saindo involuntário.
Ne me
quitte pas.
O sangue caía,
vermelho, bonito, vivo ... E nada mais.
“Vocês vieram saber se eu morri?”
Cabelos
desgrenhados, postura felina, e olhos humilhantes. Lá estava ela, de frente ao
microfone, em cima do palco. Mostrando a todos como era imponente, como era
viva!
Fuzilando,
amando, vivendo. Nada mais interessava. Era Maysa. Fora Matarazzo mas voltara
Monjardim. Maysa Monjardim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário